Autômato - Projeto Colmeia

"Tudo promete mudar com mais um fim de ciclo anual. É uma época muito aguardada, pois traz aos provincianos uma chance de serem resgatados e se integrarem ao Núcleo. Dizem que há uma vida de oportunidades lá, embora ninguém tenha retornado para descrevê-las. Ao contrário dos demais, Simas prefere permanecer invisível e não apostar no desconhecido. No entanto, algo dará errado desta vez, e logo ele perceberá que tinha razão em se resguardar. O Núcleo precisa de material descartável para seu mais novo modo de entretenimento: um jogo em que pessoas reais perdem seu livre-arbítrio e são vendidas como personagens usados em realidades virtuais. Simas descobrirá um universo novo e perverso, despertará a atenção de inimigos poderosos e tentará conquistar o apoio de um aliado improvável. Ele precisará, acima de tudo, criar sua própria maneira de jogar se quiser recobrar a liberdade e sobreviver."  

1) Há quanto tempo escrevem ficção e desde quando publicam no Wattpad?

Marco & Will: Por mais clichê que pareça, podemos dizer sinceramente que escrevemos ficção desde que aprendemos a juntar uma letra com a outra; essa é uma das primeiras lembranças que temos da vida. Durante os anos, escrever foi nosso principal hobby; chegamos a ter, cada um, um blog que nos servia como diário.

A primeira vez que nos dedicamos a escrever uma obra completa foi em 2011, quando começamos a namorar. Estamos no Wattpad desde 2014, mas ficamos afastado por alguns anos a fim de nos dedicarmos ao nosso trabalho atual, o Projeto Colmeia.

2) Quais autores servem de inspiração para vocês? (livre para citar nacionais e estrangeiros)

Marco: Qualquer obra de literatura que desperte meu interesse acaba servindo de inspiração. De uma maneira geral, acho que os autores cujas obras eu costumava ler durante minha infância influenciaram na maneira como desenvolvi meu estilo de escrita ao longo do tempo, e esses foram, principalmente, C. S. Lewis, R. L. Stine e Dan Brown. Mais recentemente, criei uma grande admiração por J. K. Rowling e pelo espanhol Manel Loureiro. Atualmente, os escritos de Christopher Vogler acerca da Jornada do Herói tem sido meu combustível.

Devo mencionar também autores icônicos de ficção científica distópica, com quem aprendo muito (apesar de eu não escrever exclusivamente esse gênero). George Orwell e Aldous Huxley não poderiam ficar de fora. E, é claro, Suzanne Collins, uma das autoras que mais difundiram as distopias para jovens adultos nos últimos anos.

Will: Além dos citados pelo Marco, eu ainda citaria Tolkien e King como alguns de meus autores favoritos. E também, apesar de não ser comum as pessoas admitirem, Stephanie Meyer teve lá sua influência em minha forma de escrever e de imaginar os universos que crio. Sempre tive uma ligação muito forte com escritores e livros de fantasia e ficção científica.

3) "[...] tive que me contentar apenas com a certeza de que pensamentos eram finitos...". A história já começa demonstrando uma pegada sci-fi belíssima. Como surgiu a ideia do livro?

Marco & Will: A ideia inicial surgiu a partir de uma conversa que tivemos. Eu, Marco, sou gamer fanático e um entusiasta por tecnologia; chegamos à conclusão de que o gênero em que melhor poderíamos incorporar esses elementos era o de sci-fi distópico, algo que eu particularmente gosto muito de ler. Por sua vez, os conceitos para a criação do universo e do enredo formam uma colcha de retalhos: refletimos sobre aquilo que mais gostaríamos de contar, as mensagens que gostaríamos de passar por meio das ações e sentimentos dos nossos personagens — esse foi/é o princípio. A partir disso, passeamos por experiências de vida pessoais, mitologias, modelos de sociedade antigos, filmes, livros, músicas e qualquer forma de expressão artística que dialogue de alguma maneira com aquilo que queremos mostrar na nossa série.

Gostaríamos de agradecer pelo elogio, ele nos impacta bastante! Por outro lado, acho também muito válido pontuar que a beleza, em si, nunca foi uma inspiração para o que pretendíamos construir. As ideias que moldaram Autômato (e, por conseguinte, as sequências de Projeto Colmeia) sempre foram aquelas mais fiéis ao que pretendíamos transmitir ao leitor.

4) Qual/quais as maiores dificuldades que vocês encontraram ao trabalhar esse gênero? 

Marco & Will: Gostaríamos de dizer que as dificuldades foram poucas, e que somos pessoas muito seguras de nós mesmos, mas estaríamos mentindo. Sofremos constantemente de insegurança de autor (algo que, com o tempo, descobrimos ser muito comum no mundo). O processo de pesquisar,pensar, escrever, reescrever e revisar é um esforço prazeroso, mas isso faz com que nos tornemos muito apegados ao trabalho que realizamos; com isso, é natural que uma série de inseguranças surjam na nossa cabeça.

Além disso, o que mais nos incomoda ao trabalhar especificamente esse gênero são as comparações irrefletidas por parte de alguns leitores. Distopia é um subgênero de sci-fi, atualmente reconhecido pelas editoras, portanto alguns elementos específicos no enredo são de praxe para que a obra seja classificada propriamente. Devido à crescente popularização de distopias como Jogos Vorazes, Divergente, A Seleção (entre outras), há a recorrente impressão de que todas contam a mesma história. Ao nosso ver, essa é uma observação muito grosseira. Todo gênero ou subgênero literário conta com elementos próprios; observar a maneira peculiar como cada autor explora e desenvolve esses elementos é um exercício muito interessante. Na nossa concepção, ao comparar romances de um mesmo gênero, as diferenças entre eles são muito mais relevantes do que qualquer paridade no enredo.

5) Conte-nos um pouco da sua experiência na plataforma: feedback dos leitores, amigos escritores, desafios da divulgação... 

Marco & Will: O Wattpad nos proporcionou algo incomensurável. Enquanto estamos planejando outlines ou escrevendo, mergulhamos num universo muito particular. A partir do momento em que tantas pessoas começaram a dar seu feedback, sentimos como se esse universo estivesse sendo povoado por amigos em potencial. É um prazer para nós ler comentários de pessoas que têm uma visão diferente da nossa quanto aquilo que escrevemos. Acreditamos que nenhum autor tem o domínio absoluto sobre o que sua história representa, pois a aplicação das palavras no texto é apenas metade do processo: ao ler o livro, um leitor cria sua própria percepção dos personagens, da moral contida na obra, dos eventos narrados; ele o compara com todo o background cultural que existe em sua mente e cria uma projeção própria daquele mundo fictício. Essa projeção está além do poder do autor e é a outra metade do processo. O que mais nos atrai em escrever é a possibilidade de compartilhar uma parte de nós com outras pessoas, e o Wattpad proporciona que essas pessoas compartilhem de volta uma parte delas.

Nossos amigos escritores vieram do Wattpad, pois não temos ninguém próximo que goste de escrever. Mantemos contato com alguns deles pela internet, uma vez que há pessoas do país inteiro na plataforma, mas também conhecemos alguns pessoalmente. Ter essa proximidade com pessoas que passam pelos mesmos desafios que nós, que têm ambições parecidas e que comemoram os mesmos tipos de conquista é imprescindível na nossa vida, pois homem nenhum nasceu para ser uma ilha. Há também autores no Wattpad que admiramos muito apesar de não conhecermos, pessoas com quem nós gostaríamos de ter a chance de conversar um dia.

Por fim, o maior desafio que encontramos na divulgação é quebrar a barreira entre autor e leitor. Precisamos mostrar de umamaneirainteressante, porém sucinta, o valor da nossa obra, a fim de conquistar novos leitores.

6) Vi que Autômato é um projeto reformulado de outro que anteriormente chegou a ser publicado na plataforma. Como foi essa decisão de voltar a escrever o Projeto Colmeia e qual a sensação em ver que o público vem gostando da história, vocês esperavam por essa recepção?

Marco & Will: O lado negativo do Wattpad, ao nosso ver, é que ele nos impele a continuar produzindo regularmente. Como escritores, não funcionamos assim. Às vezes precisamos de momentos de introversão, precisamos nos distanciar dos nossos projetos temporariamente, repensar,aprimorar e planejar. Como vínhamos postando à medida que escrevíamos, não havia espaço para essa batalha criativa que travamos internamente na hora de criar. Repostar o livro em forma de série foi uma das melhores decisões que tomamos, pois tiramos um tempo para dar voz ao projeto; agora temos material adiantado para muitos meses — e o melhor: todo esse material foi repensado, criado e recriado, de maneira que conferisse ao nosso trabalho, senão a qualidade que almejávamos desde o início, ao menos o mérito de termos feito nosso melhor.

Realmente não esperávamos a recepção positiva que estamos recebendo, principalmente por termos estado afastados por tanto tempo. Ainda não temos uma boa noção de como isso afetou nossos leitores antigos, o que é uma pena. Mas, de todo modo, o fato de que estamos propiciando uma leitura prazerosa para um tanto de pessoas insufla muita motivação em nós.

7) Tem algum novo projeto para ser publicado em breve (físico/digital) ou em andamento?

Marco & Will: Temos alguns projetos fervilhando na nossa cabeça, e outros já sendo postos em prática. Temos a pretensão de publicar os primeiros capítulos de Mártir (sequência de Autômato) até final de abril. Além disso, repostaremos em algum momento duas antigas histórias que também já deram as caras no Wattpad uns anos atrás. Também temos trabalhado em projetos individuais para um futuro mais distante.

Depois que Projeto Colmeia estiver completamente postado no Wattpad, temos a pretensão de partir para uma publicação formal; ainda não fizemos grandes planos para isso, mas temos certeza de que acontecerá de um jeito ou de outro.

Deixem redes sociais para que mais pessoas possam conhecer o trabalho de vocês: 

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