Susana e o Mundo das Fadas

       Era uma vez Susana, uma moreninha risonha.
   Todos os dias de manhãzinha, Susana acorda sorrindo. Ela sempre sonha com fadas. Um mundo florido, colorido e repleto de fadinhas muito simpáticas que se tornaram suas amigas.
   Nos bosques e cachoeiras de seus sonhos, Susana brinca e ri com as fadinhas Laila e Yuni.  Laila tem asas cor-de-rosa, olhos azuis e brilhantes como as estrelas do céu. Já Yuni, possui asas coloridas, de amarelo, lilás e verde. Elas são suas melhores amigas no Mundo das Fadas.
     Em um dos seus sonhos, Susana perguntou:
-Por que eu sonho com vocês todos os dias?
     Laila, sorridente conta:
-As crianças são sempre bem-vindas no nosso Mundo. Mas existem outros por ai: o Mundo dos Castelos, Mundo dos Livros... Você, mesmo sem lembrar, escolheu o nosso há alguns anos. As crianças são seres de luz, como nós. Podem viajar nos sonhos...
    Susana olhou ao seu redor, havia várias crianças com outras fadas por ali. Brincavam, corriam e sorriam ao conversar com crianças que pareciam ser de vários lugares do planeta. Alguns tinham olhinhos puxados, outros eram brancos e loiros. Todos usavam roupas de dormir.
-Por que as crianças não tem asas também? –Susana pergunta.
     Susana riu, se imaginando com asas como aquelas e podendo voar pelos céus...
      Então, Laila fala com um enorme sorriso:
–Todos nós possuímos asas, mas não são todas que aparecem. As asas não são somente para voar, sabia?
-Como assim?
-Nunca ouviu dizer “Dê asas a sua imaginação”? –Yuni pergunta a amiga, que afirma. –É a mesma coisa, Susana! Se você tem imaginação, tem asas! Sendo que as asas as vezes são transparentes, pois na Terra as pessoas não costumam acreditar nas coisas.
    A menina, que sabia que tinha imaginação para dar e vender, concluiu:
-Então eu tenho asas? –Yuni e Laila concordaram com a cabeça. –Mas não vejo, porque elas são transparentes? –Novamente, as amiguinhas fadas concordaram.
     Susana não se segurou, automaticamente tentou olhar para suas costas, mas não conseguia ver nada realmente.
-Os meus pais não acreditam.
      Ela já disse aos seus pais, Marta e Roberto, que sonha todas as noites com o Mundo das Fadas, mas eles não acreditam. É claro. Sorriem, abraçam-na dizendo “que legal, filha”, mas depois se olham e balançam a cabeça, pensando “coisa de criança”.
      Marta e Roberto trabalham o dia todo, praticamente não passam muito tempo com a filha, que fica em casa com a tia Lucia. Ela só vê os pais no café da manhã, antes de ir para a escola, e no jantar. Tia Lucia fica com ela desde quando ela era pequenininha. Brinca com ela, pinta desenhos com tinta guache, faz o chá das princesas toda a tarde com ela e...
     “Sim! Ela tem imaginação!”. Pensou Susana. “Então será que ela vê as minhas asas? Será que ela acredita nos meus sonhos?”, realmente, Susana nunca tinha contado a tia que vai ao Mundo das Fadas toda noite.
       Então, no dia seguinte, assim que chegou da escola e encontrou tia Lucia, chegou perto dela e disse:
-Tia! Eu tenho asas, a senhora já viu?
      A moça, de cabelos presos num rabo de cavalo curto, lhe olhou com atenção e em seguida sorriu com simplicidade.
-Claro, minha linda! Pensa que eu não sei dos seus sonhos com as fadas? Seus pais já me contaram. –A menina olhava para a tia, ansiosa por outra pergunta.
-Então a senhora acredita?
-Claro! Eu, quando tinha sua idade, sempre sonhava com um castelo amarelo em uma floresta de cogumelos.
-Sério?
   E assim, as duas começaram a desenhar castelos, fadas, cogumelos gigantes e pintaram com giz de cera.
      Quando os pais de Susana chegaram em casa, a menina correu para abraçá-los e contar as novidades. Ela sabia que os pais não brincavam com ela, pois não tinham tempo. Ela não os culpava, os amava da mesma forma. Mas agora sabia, que era por isso que eles não tinham asas também. Era por isso que eles não acreditavam nela. Não tinham imaginação!
-Pai... conta uma história? –Susana então pediu, antes de dormir.
      Roberto, surpreso, repuxou um sorriso olhando a esposa, e disse sem jeito:
-Não sou um bom contador de histórias, Su.
-Tenta! Mãe, a senhora também! Assim, quando entrarem na história comigo, suas asas vão aparecer! Mesmo que transparentes, elas vão existir!
       O pai, um pouco confuso com o que a filha disse, apenas sorriu e pensou. Ele não lia uma história desde quando era pequeno, não brincava com a filha e se sentia triste por isso. Marta pensava o mesmo, acariciando os cabelos da filha deitada debaixo do cobertor.
-Tudo bem, vamos tentar... –Maria começa, agora animada. –Amor, lembra daquela história que a Lucia contava quando ela tinha três anos?
      O marido riu olhando a filha curiosa.
-Lembro.
      O casal se entreolhou e a mãe começou:
-Era uma vez, um reino encantado com duendes, princesas, mágicos e...
     A mãe imitou as vozes dos personagens, o pai andou pelo quarto colorido da filha fazendo gestos e rindo com ela. Eles se divertiram como nunca antes.
     Susana jurou ter visto um lampejo de luz nas costas de seus pais e riu debaixo do cobertor, alegre com seu objetivo alcançado.
     E aos poucos, Susana foi levada pelo sono, sorrindo ao rever Yuni e Laila no Mundo das Fadas novamente.

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